Aposentada sexagenária, Verna resolve embarcar em um cruzeiro luxuoso pelo Ártico depois da morte nada acidental do seu quarto marido, aproveitando sozinha todo o dinheiro que recebeu dos falecidos companheiros. O inesperado acontece quando ela reconhece entre os passageiros o homem que, na adolescência, a prejudicou e humilhou de forma cruel. Discreta, astuta e estratégica, ela planeja cautelosamente uma vingança nas camadas rochosas conhecidas como colchões de pedra.
"Colchão de pedra: uma almofada fossilizada, formada de camada após camada de algas verde-azuladas que criam um monte ou domo. As mesmas algas verde-azuladas que criaram o oxigênio que eles agora respiram. Não é espantoso?"
Nesta coletânea de contos inspirada nas tradições góticas clássicas, Margaret Atwood revela facetas grotescas e perversas da humanidade no seu melhor estilo, evocando vidas e enredos emocionantes.
Constance Starr criou uma série literária, Alphinland, que a tornou famosa e respeitada pela crítica. É por essa paisagem fantasiosa, em meio a uma tempestuosa noite de inverno, que ela é guiada pela voz do falecido marido, Ewan, e começa a fundir a realidade com o universo imaginário. Nesse mesmo fio narrativo, acompanhamos o antigo e conturbado relacionamento da escritora com Gavin, passando pela velhice desse poeta boêmio até o momento do seu funeral, em que algumas das mulheres que fizeram parte de sua vida discutem o passado.
A partir daí, aberrações da natureza, presenças fantasmagóricas, mãos desencarnadas, rancores, sonhos frustrados e um astuto plano de vingança engendrado pela maldosa viúva Verna permeiam a narrativa, a um só tempo sombria e irreverente, com a notória habilidade de Atwood e sua abordagem destemida sobre as agruras da violência, a mortalidade iminente e os mitos da velhice.