"A morada do Homem" é um estudo sobre o pensamento iluminista e como este atuou no sentido de eliminar o encantamento humano diante do milagre e do extraordinário. Segundo Edgard Leite, para atingir tal objetivo, o Iluminismo atacou "a experiência de eternidade e de atributos eternos, morais e éticos", reduziu o ser humano a números e estatísticas e promoveu ações de controle social nunca antes vistas. E, nesse movimento, a invasão da família pela esfera pública desempenhou um papel central. Edgard Leite nos apresenta, neste ensaio de história das ideias, uma visão sobre as sociedades iluministas e conclui que a guerra do Iluminismo é, acima de tudo, ato de beligerância contra a pessoa. Para destruir a capacidade humana de perceber e se maravilhar com o surpreendente, atacou tudo que é íntimo, reservado e singular, o que não pode ser explicado, e inseriu o ser humano numa ilusão contínua e frustrante de que é capaz de tudo entender e dominar. Para o autor, o discurso iluminista busca, assim, eliminar "o encanto com o milagre da existência" e, igualmente, o assombro com o milagre da própria existência pessoal. "A morada do Homem" é um convite irrecusável para relembrarmos que a "morada interna humana é a nossa residência e o meio pelo qual nos reencontramos permanentemente com nossa essência eterna e com nossa fonte e destino".