Verdades, o que são? Histórias ordinárias de gente comum. Fatos que se fizeram memórias... Verdades dentro de recordações. Fantasias, confusões, idealizações, meias verdades, inverdades.

Histórias contadas são verdades inventadas, dizem. Sim, em parte são. Mas apenas em parte. Porque há verdades enganosas e mentiras sinceras em todas as histórias, verídicas ou não. De quantas verdades disfarçadas fazem-se as ficções? E a vida?

Quem conta um conto aumenta um ponto. E também diminui. Um contador de histórias é, como o poeta de Fernando Pessoa, sobretudo, um fingidor. Finge dor, alegria, amor. Finge sentir o que sente tanto quanto o que não sente. Finge fatos, lugares, horas, pessoas. Finge ser quem não é. E, quando é, finge não ser. Finge fingir,
o escritor. E, assim, acaba por dizer-se.

Em [in] verdades temos 16 autores que contam 16 histórias baseadas em fatos reais. Narrativas de acontecimentos que tocaram suas vidas. Às vezes suavemente. Outras, num atropelo. Não ao acaso, e sim por escolha, nesse livro os escritores falam de personagens homens e as escritoras de protagonistas mulheres. Isso há de se inverter no próximo volume. Aqui, então, por enquanto, eles por eles e elas por elas.

Importa que fomos todos tocados pelas experiências que estamos oferecendo agora, em forma de histórias, aos nossos leitores. Há, portanto, um pouco de cada um de nós, em contos, nessas [in] verdades. É bem provável que haja um pouco de quem nos lê também. Identificações são inevitáveis quando somos demasiadamente humanos.

Escritores ou leitores, todos gente comum vivendo histórias incríveis. Dentro e fora dos livros.