"Martinhada" é uma obra seminal da literatura erótica portuguesa, escrita por Caetano José da Silva Souto-Maior (popularmente conhecido como o "Camões do Rossio"), um renomado poeta da corte do Rei D. João V. Acredita-se que o texto tenha sido composto na década de 1720, numa época em que a rigorosa censura do Tribunal do Santo Ofício, estabelecida em 1536, tornava a publicação de tais temas estritamente proibida. Por isso, a obra só conseguiu circular em formato impresso de maneira clandestina em 1814. Este marco a consagra como o primeiro livro licencioso português a ser impresso e a circular no país, antes disso, apenas edições manuscritas dos poemas teriam circulado secretamente.
O livro é uma série de versos eróticos que narra as aventuras de frei Martinho de Barros, um clérigo devasso que se orgulhava da proporção descomunal de seu pênis e de suas proezas sexuais. Dividida em duas partes, a epopeia narra, na primeira parte, o encontro casual do clérigo com três mulheres, uma mãe, sua filha e uma criada. O licencioso não só seduz a mais jovem, como atrai as outras duas para um bacanal. A segunda parte é dedicada à história do frei Martinho, contada pelo próprio religioso, atendendo ao pedido da extasiada e curiosa criada.
Para criar o tom satírico e obsceno, Caetano José utiliza um vasto vocabulário, não hesitando em empregar expressões indecorosas, linguajar chulo e até mesmo nome de objetos, animais e vegetais de forma sugestiva. O resultado é um texto inegavelmente divertido, que provocará o sorriso ou a gargalhada do leitor.